Originalmente a banda contava com Luiz Paulo Simas (teclados) e Candinho
(bateria), vindos da banda Módulo 1000, Lulu Santos (guitarra e vocais) e
Fernando Gama (baixo), ex-membro do Veludo Elétrico . A banda realizava
apresentações e os quatro trabalhavam como músicos de estúdio para outros
artistas. Com a saída de Candinho, em 1975, Lobão e Ritchie entram para a banda , que tornaram-se
a formação mais conhecida do Vimana. Com sucesso, a banda lançou, pela Som Livre,
o compacto Zebra, além de ter gravado um LP
inédito até hoje, arquivado na época com a alegação de não haver público para o
rock no Brasil.
Pouco depois, a banda conheceria depois Patrick Moraz (ex-Yes). O músico suíço
pretendia montar um novo grupo, intitulado Patrick Moraz Band e formado pela maioria dos integrantes
do Vímana, com exceção de Lulu Santos, a quem o tecladista desprezava. A expulsão
de Lulu do Vímana por parte de Moraz ocasionou desentendimentos entre o
ex-músico do Yes e os outros integrantes, dissolvendo a banda. Ritchie, Lobão e
Lulu Santos se dedicaram a carreiras solo de grande sucesso no rock brasileiro
dos anos 80. Patrick Moraz, por sua vez, se encontra em carreira solo, em
trabalhos voltados para o piano.
Curiosidades
MORADIA : Por muito tempo, a banda chegou a morar juntos,
numa casa em Santa Tereza
(RJ) na rua do paraíso 90, e depois por algum tempo, num sitio em Itaipava. Tinham
um estilo de vida Hippie. Sem dinheiro e música o dia inteiro.
DINHEIRO : Todos os integrantes vieram de famílias de classe
média alta. Mas como estavam sobrevivendo como músicos, dividiam as contas
entre eles mesmo, no melhor jeito familiar.
BRIGAS: A banda chegava a brigar no palco em certas ocasiões. O convivio diário
desgastou a banda cada vez mais. Sendo isso, umas das razões para o termino do
grupo. Numa das brigas na frente da platéia, Lulu se desentendeu com Simas, e
abandonou o palco andando por cima das poltronas do teatro semi-vazio. !!
ENCONTRO PROGRESSIVO : Após o fim do Vímana, em 78, Lulu e
Lobão se encontrariam em mais uma gravação bastante próxima do rock
progressivo: "Lindo Blue", música do disco -Respire Fundo, de Walter
Franco. Nesta mesma faixa participaram também os irmãos Mutantes Sérgio Dias
(guitarra de 6 cordas) e Arnaldo Baptista (piano).
RELEMBANDO VELHOS TEMPOS : Entre vários encontros em gravações
solo, algumas que se destacam:
·
Lulu Santos toca guitarra no disco de estreia de Lobao - Cena de Cinema de
1982. Que por sinal, tem a participacao de Ritchie.
·
Lobão e Paulo Simas tocam bateria e teclados, respectivamente no disco de
Joe Euthanazia - CP MUJER INGRATA de 1983.
·
Luiz Paulo Simas compos com Ritchie a música “Sombra da partida” e Ritchie
compôs com Lobao “Bad Boy”. Ambas estão em discos do Ritchie.
·
Ritchie canta no disco "Hyperconectividade" de Lulu na faixa,
"Voo de Coração", que foi um dos hits dele.
Lulu e Lobão, tocam respectivamente guitarra
e bateria no disco de estreia de Ritchie. Depois do fim do Vímana, este foi o
encontro que mais se destaca, pelo fato de estarem 3 dos 5 da formação
clássica. O curioso disso é que o som que tocavam nesse encontro, não tinha
nada a ver com os temas progressivos de outrora. Mas ao contrário de antes, as
gravações desse encontro ganharam a mídia inteira, e vendendo como água no
deserto. Bem ao estilo pop-romântico. Canções como "Menina Veneno" e
"Voo de Coração" fazem parte desse encontro.
MALANDRO: Numa recente entrevista , Lobão, comenta que realmente
ele ficou meses trabalhando para o Patrick Moraz, que só fazia promessas e mais
promessas, sem nunca concretizar nenhum projeto, e que isso estava deixando
todos da banda muito chateados, até que um dia , ele chegou na esposa do MORAZ
"que era brasileira" e contou o seu drama, e a banda teve total apoio
da esposa de Patrick Moraz, e ainda Lobão diz que se tornou amante da esposa do
Patrick Moraz, o que levou a banda e o projeto do Patrick Moraz por água
abaixo, era o fim do YES brasileiro! Com isso, Lobão ganhou sua primeira
esposa, Liane Monteiro, uma mulher 12 anos mais velha que ele.
PROFESSOR LINHA DURA : Contam que enquanto o Vímana
desenvolviam determinado tema, o tecladista Patrick Moraz, apontava para um
desses ritmos complicados (9/7, 7/3, 8/5, etc.) obrigando a uma variação
abrupta (característica do rock progressivo). Quando algum deles errava,
Patrick ficava bastante irritado e isto obviamente tornou os ensaios bastante
tensos. De todo modo, é provável que eles (Lobão e Lulu Santos) estivessem já
se afastando da proposta progressiva.
PATRICK MORAZ : Em 1975 Patrick Moraz fez sua
primeira visita ao Brasil como integrante do YES, e foi recebido como uma
estrela pop, tendo direito a Mercedez Benz com chofer,suíte Presidencial em
hotéis do Rio de Janeiro, e foi perseguido pela imprensa brasileira durante
toda a sua estada aqui no nosso país, e com isso forneceu muitas entrevistas
aos brasileiros. Nessas viagem Patrick Moraz começa a demonstrar seu interesse
pelas percussões utilizadas em escolas de samba, e que viriam a fazer parte de
alguns de seus discos solo. Em 1976, Patrick Moraz passou algum tempo aqui no
Brasil e conheceu muitos músicos, e logo após ter sido demitido do YES em
meados de 1976, Moraz fez o Vímana ensaiar durante 9 meses, sem nunca ter pago
nada a nenhum deles, sempre prometendo que a banda seria maior que o YES, seria
uma banda que iria competir mundialmente com o YES.
PROBLEMAS : Só que o choque de egos de Moraz com Lulu - que
era o líder da banda - foi inevitável. A banda começou a se fragmentar e a ter
problemas com Patrick - especialmente Ritchie, que sentia dificuldades em
ensaiar todo o repertório solo de Patrick (dificílimo, segundo ele) de uma hora
para outra, e o próprio Lulu, que acabou sendo expulso da banda (Arthur Dapieve
conta no BRock que Patrick mandou Lulu embora dizendo que o guitarrista não
sabia tocar direito). Em uma entrevista à revista Bizz, em 1995, Lulu, ao ser
perguntado sobre Patrick, afirmou que o tecladista era "um sujeito
horroroso", entregando ainda que, nas internas do Vímana, o cara era
chamado (pelas costas, lógico) de "Marick Patráz".
CAIU A FICHA : Em uma versão anterior do site do
Lulu, ele dizia que enquanto fumava algo na grama, os outros ensaiavam
rigidamente com Moraz, ele se convenceu de que o lance era fazer canções com
"começo-meio-fim", e sabia que Ritchie e Lobão tendiam para isso.
Tentou até convencê-los disso, mas em vão. Eles ainda não tinham sacado o lance do
"visionário da banda" !!
FRUSTRAÇÃO: Quando o disco estava na gaveta da Som Livre, um fã
encontrou o Lulu, e perguntou se o disco ia sair. Lulu falou que a gravadora
estava pensando em fazer uns overdubs de metais pro disco ser lançado. O que
obviamnete não ocorreu.
SHOW DE MORAZ : PATRICK MORAZ se apresentou no Brasil no 1º PRIMEIRO FESTIVAL DE JAZZ DE SÃO PAULO, nos
dias 11 a
18 de setembro de 1978, no Palácio das Convenções do Anhembi, para uma plateia
de 60.000 pessoas. Onde teve apresentações de Hermeto Pascoal, Chick Corea,
Zimbo Trio, Luiz Eça, Helio Delmiro, Márcio Montarroyos.
Resenha: Vímana - Zebra/Masquerade (Som
Livre, 1977)
É mole? Nem os Mutantes, a maior banda brasileira de todos os tempos
conseguiu tal façanha: colocar um single para ser resenhado e ainda falar
bastante sobre a banda. Neste caso, a banda em questão tornou-se lenda por
reunir três nomes que se tornariam figuras de proa no rock brasileiro
oitentista (Lobão na bateria, Lulu Santos na guitarra e Ritchie nos vocais, e
ainda Fernando Gama no baixo e Luiz Paulo Simas no teclado) e não lançou nada
mesmo além de um single que inclusive era para ser um LP inteiro, mas foi
mal-lançado e mal-distribuído. O LP ainda existe, repousa em algum master
sumido, mas nunca viu a luz do dia. O compacto virou lenda, e a banda também.
Na década de 70, pipocavam em todos os cantos do Rio e de São Paulo, grupos
que tinham como projeto de vida o rock progressivo, elaborado e influenciado
por bandas como Yes, Emerson, Lake & Palmer, Genesis, etc. Outras se
dedicavam mais à psicodelia, ao rock influenciado pelo uso de substâncias
químicas. E a maioria delas se dedicava às duas coisas. Claramente, isso tudo
havia sido influenciado pelos Mutantes, banda que, com ou sem Rita Lee, cruzou
o caminho e foi responsável pela iniciação musical e até pela formação de
várias dessas bandas, especialmente quando saíram praticamente todos os
integrantes originais do grupo e o mutante Sérgio Dias mudou-se para o Rio, com
a intenção de elaborar e redefinir o som dos Mutantes.
Entre as bandas que davam prosseguimento a esses movimentos, no Rio de
Janeiro dos anos setenta, estavam o Veludo (depois Veludo Elétrico) e o Módulo
1000. Pelo Veludo (inédito em disco, ainda) passaram músicos como Paul de
Castro, Lulu Santos e Fernando Gama, a banda hoje em dia está reunida dando
shows, por sinal. Do Módulo, que gravou um único disco, o psicótico “Não fale
com paredes”, vieram Candinho e o nosso amigo Luiz Paulo Simas. Fernando, Lulu,
Luiz Paulo e Candinho logo se juntaram e trouxeram consigo as respectivas
bagagens, das duas bandas, aparentemente, o Módulo 1000 era a mais progressiva.
A influência dos Mutantes era forte nesse movimento rockeiro, os Mutantes eram
a banda que tinha o melhor equipamento e quase todo mundo queria ser como eles.
Lulu Santos, por exemplo, vivia atrás de Sérgio Dias e vez por outra, até
baixava na casa da família dele, em Sampa.
O vocalista-flautista Richard Court tinha conhecido Rita Lee, Liminha e
Lucia Turnbull quando os três foram até Londres dar uns bordejos, por volta de
1972, Lucia era amiga de um amigo do cantor, daí o encontro. Na época, Ritchie
não passava de um estudante de literatura doidão que tinha montado uma banda
para protestar contra a construção de um viaduto em Piccadilly Circus. A
banda se chamava Everyone Involved porque tinha de tudo, artistas de teatro,
artistas plásticos, estudantes, gays, lésbicas e simpatizantes. O Everyone
havia tido a fenomenal ideia de arrecadar dinheiro na rua para gravar um LP e
depois dá-lo para as pessoas, também em praça pública. O disco (raro hoje em
dia, segundo o próprio Ritchie) acabou tendo a participação de Lucinha e
Liminha, que fizeram vocais.
A galera se deu tão bem que Liminha acabou convidando Ritchie para vir ao
Brasil. O cara acabou arriscando vir para cá e já foi logo recebido com o fim
da formação original dos Mutantes e com a entrada no mercado do primeiro
rockeiro brazuca de sucesso, Raul Seixas. "O que eu percebi é que as
pessoas estavam ávidas por um rock´n roll e que aqui não havia nada. Eu falei:
'Eu acho que eu posso deixar alguma marquinha aqui!' Despretensiosamente, mais
porque eu vinha com uma bagagem de Beatles e tudo o mais. Eu cheguei aqui e
todo mundo dizia: 'Um verdadeiro músico de Londres, um inglês músico!'. Eu
falei: 'Puxa, que bom ser querido assim! Thank you! Vamos lá!", disse ele
numa entrevista ao tablóide International Magazine.
Ritchie se fixou em São
Paulo , e foi de tropeço em tropeço. Montou o
Scaladácida e esbarrou na falta de um visto de permanência, o que acabou
inviabilizando um contrato da banda com a Continental. Já legalizado, ele veio
para o Rio e começou a dar aulas de inglês e acabou entrando na banda A Barca
do Sol, apenas para tocar flauta. A Barca, que gravou dois discos pela
Continental (relançados num único CD em 2000) era uma boa banda, mas em termos
de vocais, não era lá essas maravilhas, o que deixava Ritchie, que já era uma
bom cantor, bem puto da vida. Sem perspectivas de conseguir passar a cantar na
banda, por causa do forte sotaque, ele acabou saindo (ou sendo tirado, ele não
lembra).
O Vímana já existia no pára-e-anda na época, com Lulu na guitarra e vocais,
Luiz Paulo nos teclados, Candinho na batera e Fernando Gama no baixo. A banda,
que já existia desde 1974, tinha tirado seu nome da obra de Carl Jung e, pelo
que consta, começara fazendo um som mais hard, para depois abraçar o prog de
vez. Pelo que consta também, o grupo tinha inúmeros problemas em casar seu som
(sofisticado tecnologicamente, para a época) com a indigência dos equipamentos
de palco que eram usados. Luiz Paulo, por exemplo, era dono de uma das maiores
novidades tecnológicas no Brasil de 1974: um sintetizador. Um ano depois, o
grupo chegou a participar de uma das primeiras tentativas de se fazer um
festival de rock no Brasil, o primitivo Hollywood Rock. Apesar de ter o mesmo
nome do festival que dividiu Rio e São Paulo entre as décadas de 80 e 90, o
Hollywood trazia só artistas nacionais, no caso, o Vímana, Rita Lee & Tutti
Frutti, Erasmo Carlos, O Peso, e ninguém menos que Celly Campelo, e, segundo o
que me contaram, tinha um sonzinho de merda. Chegaram a sair um disco de vinil
com os melhores momentos do festival, hoje raríssimo (bom, já quiseram me
cobrar 300 pratas por ele) e, anos depois, um homevideo, com o título de Ritmo
alucinante.
Mais ou menos nessa época, Candinho resolveu seguir o guru Mahara-Ji e
largou a banda, deixando o cargo de baterista vago. Lulu, já meio sem vontade
de cantar, resolveu procurar Ritchie, que já conhecia dos bastidores de alguns
shows, para lhe oferecer a vaga de vocalista. O convite que Lulu, Luiz Paulo e
Gama fizeram a Ritchie hoje é histórico, os quatro se encontraram na Praça
General Osório (em Ipanema, RJ) e Lulu teria dito: "Ainda bem que você
saiu daquela merda! Quer tocar com a gente?".
Em 1975, ainda parado para obras e sem baterista fixo, o Vímana conseguiu
aquilo que parecia a sorte grande: graças a Guto Graça Mello e Nelson Motta
(que já havia enfiado o grupo no tal Hollywood Rock), a banda conseguiu virar
atração da peça A feiticeira, de Marília Pêra. A entrada na peça, que foi um
fracasso total, foi inicialmente boa para ambas as partes: Marília ganhava uma
banda fixa e o grupo tinha aonde ensaiar à vontade.
Só que o buraco na cozinha permanecia. O grupo chegou a fazer uma tentativa
com o baterista Azael Rodrigues, que tinha tocado no Scaladácida com Ritchie,
mas não rolou. Depois disso seguiram-se outros bateristas, até que, durante um
ensaio, Lobão seria praticamente enfiado na banda, puxado por um amigo de
colégio. Na época, o então desconhecido batera nem tinha 18 anos, estava mais a
fim de tocar violão clássico e achava rock coisa de colonizado. Subiu no palco
meio puto e tocou algo que Ritchie definiu como "um samba no ritmo da
Mangueira". Acabou agradando ao grupo e a Nelson, que, para que a peça
pudesse viajar, não hesitou em responsabilizar-se pelo então menor de idade
Lobão.
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